O Trilhas foi idealizado no ano de 1995, inspirado no Projeto “Pé na Trilha”, que surgira em 1990, resultante do Encontro Regional dos Estudantes de Geografia do Nordeste (EREGEN), realizado no estado do Piauí (SOUZA, 2018). Foi o professor Telésforo Nóbrega de Medeiros, que ao assumir a gestão do então Departamento de Extensão entre 29 de maio de 1995 e 5 de maio de 1997, quem batizou o programa com este nome. No ano seguinte, em 1996, a primeira edição do Trilhas é realizada. Portanto, já são 26 (vinte e seis) anos contribuindo para a melhoria da qualidade de vida das populações dos rincões (com até 15.000 habitantes) mais distantes e carentes do nosso estado. O programa trabalha sob a lógica da associação entre a qualificação acadêmica de excelência e o máximo de compromisso social, que parece resultar numa fecunda e infindável troca de experiências de vidas, se propondo a privilegiar o diálogo entre diferentes culturas e saberes na luta constante pela conquista de uma vida digna em todos os aspectos do desenvolvimento humano. Ao longo de mais de duas décadas, o Trilhas tem buscado enveredar por caminhos que possam permitir a conjunção entre a pesquisa, ensino e sociedade, tripé sobre o qual se sustentam as IES públicas de todo o país.

Depois de aproximadamente 02 (dois) anos de inatividade imposta pela situação pandêmica mundial, o Trilhas celebrará seu retorno no presente ano de 2022, após reiteradas Instruções Normativas, Portarias e Resoluções emanadas pela Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (PROGESP) da UFRN, normatizando o retorno das atividades presenciais, na instituição. As comunidades atendidas pelo Trilhas são beneficiadas com políticas públicas destinadas a promover a melhoria da qualidade de vida das suas populações, respeitando as particularidades socioculturais e ambientais de cada local. 

O Programa Trilhas Potiguares 2022 esteve presente em 10 municípios, nos quais realizou atividades nas mais diversas áreas do conhecimento, no período entre 1º a 5 de agosto. Os municípios comtemplados nesta edição foram: Campo Grande, Poço Branco, Monte das Gameleiras, Lagoa d'Anta, Passagem, Serra Negra do Norte, Umarizal, Lagoa Salgada, Tibau do Sul e Patu. Esta matéria será divindade em duas partes, onde faremos um pequeno relato das atividades implementadas em cada município. Hoje, falaremos sobre as experiências vivenciadas em Tibau do Sul, Lagoa Salgada, Monte das Gameleiras, Poço Branco e Patu.

TIBAU DO SUL

Com uma população estimada de 14.694 habitantes, o município de Tibau do Sul fica situado a 87 km de Natal. Seu nome é de origem indígena, e significa “entre duas águas”, uma vez que a povoação do local se situa entre a Lagoa de Guaraíras e o Oceano Atlântico. Situado na área da famosa Aldeia de São João Batista de Guaraíras, Tibau desenvolveu-se a partir da atividade agrícola. A emancipação do município de Tibau do Sul do município de Goianinha ocorreu em 3 de abril de 1963.

As atividades do Programa Trilhas Potiguares ocorreram na Escola Municipal Hélio Galvão, que conta com um contingente de aproximadamente 640 estudantes, e abordaram atividades que exploraram o lúdico, a expressividade, o acolhimento e a interatividade. A escola atende alunos de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos (EJA), distribuídos entre o anexo e as instalações principais. As demandas foram voltadas para as temáticas de meio-ambiente, cultura e educação.

LAGOA SALGADA
O município de Lagoa Salgada foi criado em 26 de março de 1963, se emancipando, assim, do município de Januário Cicco. Distante da capital aproximadamente 60 km, o município conta com uma população estimada de 8.348 habitantes. Os representantes deste município solicitaram que o Programa realizasse atividades focadas na saúde da população e voltadas para o autoconhecimento e o equilíbrio emocional. A equipe trilheira reuniu um grupo de adolescentes a fim realizar uma atividade de técnica projetiva chamada de Árvore da Vida, uma técnica psicoterápica que consiste em descobrir características particulares de cada indivíduo, resgatando memórias e organizando as expectativas para o futuro.

MONTE DAS GAMELEIRAS

O município de Montes das Gameleiras surgiu a partir do sítio Monte Alegre, situado na Serra de São Bento. Com a criação do município de Monte Alegre, por iniciativa do Deputado Teodoro Bezerra, o nome do povoado foi mudado para Monte das Gameleiras, em razão das inúmeras árvores dessa espécie que embelezam a paisagem local. Seu nome, gameleira, é derivado de sua madeira macia de fácil entalhe, utilizada para fazer gamelas (uma espécie de bacia).

A chegada do Programa Trilhas Potiguares foi agraciada pelo pequeno município de Monte das Gameleiras com sua paisagem verde, suas serras exuberantes e seu clima ligeiramente frio. Localizado no agreste potiguar e distante de Natal cerca de 129 km, o município conta com uma população estimada de aproximadamente 2.063 habitantes. Agraciado pelo Programa no ano de 2019, última edição do Trilhas, antes da pandemia da covid-19, o município foi beneficiado com uma equipe de 13 alunos composta por estudantes de Enfermagem, Odontologia, Jornalismo, Nutrição, Ciências Biológicas, Educação Física, Dança, além de dois doutorandos em Educação e Turismo. Foram desenvolvidas atividades voltadas para a prática esportiva, dança, confecção, teatro, educação sexual, saúde mental, êxodo rural, empreendedorismo e turismo.

POÇO BRANCO

A partir do ano de 1959, quando do início da construção da Barragem Taipu, a permanência da população local tornava-se inviável em razão das prováveis inundações da área e pelo armazenamento da água, ao passo que também trouxe para a região muitos trabalhadores e novos moradores que contribuíram para o crescimento e o desenvolvimento do povoado. As obras da barragem transcorreram até que em 26 de julho de 1963, data em que Poço Branco desmembrou-se de Taipu, tornando-se mais um município do Rio Grande do Norte. Com uma população estimada em 15.646 habitantes, Poço Branco fica localizada no Agreste Potiguar a 65 km de Natal.

Neste município foram realizadas atividades que envolveram cursos, oficinas, debates e gincana. Os trilheiros foram recebidos pela banda marcial e fizeram uma excursão pela cidade. Durante o passeio de recepção, eles visitaram lugares importantes para a história da cidade como a barragem, o sítio arqueológico, a Capela Nossa Senhora de Lourdes, o balneário Casinha e alguns domicílios.

PATU

Atualmente, estima-se que a população de Patu seja de aproximadamente 12.861 habitantes. Localizada no Oeste potiguar, Patu fica a 344 km de Natal. Seu povoamento teve início em 1718, com a concessão de uma sesmaria ao padre Francisco Pinto de Araújo, na Serra do Patu. A criação de Patu iniciou-se quando, em 1758, o Coronel Antônio de Lima Abreu Perreira, comandante do Regimento de Ordenanças da Ribeira do Apodi, fez uma doação de terras para a construção da Capela de Nossa Senhora dos Impossíveis erguida na majestosa serra que ficou conhecida como a Serra do Lima. Entretanto, a emancipação do município de Martins só ocorreu em 25 de setembro de 1890.

Com o intuito de ofertar inúmeras atividades aos seus moradores, que incluíam cursos, oficinas, debates e gincanas, a equipe trilheira local visitou a comunidade quilombola de Jatobá, liderada por Sandra da Silva. Também foram realizadas atividades como oficinas de dança e fotografia, além da iniciativa “De Olho na Saúde”.